Há já algum tempo que dou por mim a relembrar a Índia e a reflectir sobre tudo aquilo que me ensinou- acho que isto acontece muito agora porque este ano não a visitaremos e sinto verdadeiramente falta. Falta dos cheiros, das cores, das paisagens, das pessoas, dos costumes e tradições.
Na Índia, aprendi muito sobre mim própria desconstruindo padrões e hábitos e também sobre o comportamento humano e, agora neste momento que todos vivemos, que nos convida a refletir, percebo ainda melhor porque gosto tanto do Oriente e, em especial, da Mother India.
Viajamos para lá há já alguns anos, sempre com o intuito de aprender, de aprofundar a nossa visão do Yoga, de beber dos conhecimentos do País berço destas tradições.
Uma das maiores diferenças que encontro entre o Ocidente e o Oriente é o papel que desempenha o Professor de Yoga na vida de cada um que tem o privilégio de acompanhar o seu Mestre.
Na Índia, há um respeito muito bonito pela tradição e pelo professor de Yoga pois ele é visto e sentido como o transmissor do conhecimento, que também a ele foi passado pelo seu Mestre e assim por diante. Não sinto que haja, ali, quando o interesse é verdadeiro, o estar numa aula apenas por estar ou porque o Yoga é uma moda e, sobretudo, aquilo que mais admiro é que, quem se dispõe a aprender com um Mestre, se torna um discípulo no verdadeiro sentido da palavra. E quando assim é a sensação que fica é que aquilo que se recebe do professor é o verdadeiro conhecimento, despido de floreados, de vestes bonitas e sem quaisquer restrições ou condições.
Quem quer aprender verdadeiramente na Índia, sabe que existem "regras" a cumprir e normas de conduta que, aos olhos dos ocidentais, podem parecer um exagero mas que ali não o são e fazem parte elas também do verdadeiro conhecimento.
Tive o privilégio na minha vida de poder aprender com pessoas por quem tenho um profundo respeito, quer na Índia quer em Portugal e, esse respeito, fez com que a aprendizagem tornasse o caminho um verdadeiro deleite. Na minha visão, entendo que quando me proponho a aprender com alguém ( e continuo a fazê-lo ano após ano) o caminho do Yoga é o da escuta presente, interiorização e gratidão.
Relembro a primeira Formação que fiz com muito carinho e que teve lugar já lá vão mais de 10 anos. Depois dessa seguiram-se várias outras criteriosamente escolhidas e que me fizeram crescer e perceber que o Yoga que quero Viver e passar aos outros, é uma forma de estar na vida e não mais um curso que decida tirar. Cada momento de aprendizagem implica empenho, dedicação, "trabalho" arduo, entrega total ao ensinamento e muito pouco (talvez nenhum ) questionamento.
Quero continuar a crescer neste caminho, fiel aquilo que acredito, aos meus valores, à tradição de um conhecimento milenar e, por isso, o meu Namaskar aos professores que passaram pela minha vida e aos que permanecem.
Sinto profunda gratidão por me terem permitido escolhê-los.
Namaste
Francisca
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