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Tens os Cakras desalinhados! Será?

  • Foto do escritor: casadaalmaporto
    casadaalmaporto
  • 8 de abr.
  • 4 min de leitura

Uma viagem mais profunda ao mundo dos Cakras à luz do Prapañchasāra Tantra

“Tens os chakras desalinhados. ”Quantas vezes já ouvimos isto? No mundo do Yoga e da espiritualidade, é quase um “mantra” moderno. Mas será que temos mesmo os chakras “desalinhados” e que isso é a causa de todos os desafios que enfrentamos?

Os chakras são centros energéticos presentes no nosso corpo, conhecidos há milhares de anos e utilizados como suporte para práticas de meditação e autoconhecimento. Cada chakra reflete aspetos energéticos, emocionais e mentais, ajudando-nos a entender melhor a relação entre o corpo e a mente.


No entanto, hoje em dia, muitas vezes são atribuídas características aos chakras que vão para além do que foi descrito originalmente nos textos antigos. Esta tendência trouxe algum fascínio, mas também gerou confusão, dispersão e, por vezes, até uma certa imaginação exagerada sobre o tema.


🌀O que são realmente os Cakras?

No Prapañchasāra Tantra, um dos textos mais belos e profundos da tradição tântrica, atribuído a Śaṅkarācārya, os chakras são descritos como mandalas vivas, compostas por sílabas sânscritas, formas geométricas, cores, divindades e elementos. Cada um é como um centro vibracional onde a energia se condensa e expressa de forma única.

Mas mais do que “discos energéticos”, os chakras são vistos como camadas da própria manifestação da consciência — Shakti em movimento — que se expressa no corpo subtil. São como espelhos que refletem o estado interno da nossa mente, emoções e conexão espiritual.


Alinhados ou não?

O “desalinhamento” dos chakras tornou-se uma metáfora popular para explicar desconfortos físicos ou emocionais. Mas segundo a visão tântrica, os chakras não se “desalinham” no sentido mecânico da palavra. Eles estão sempre a funcionar — a questão é como estamos a viver a energia que se manifesta em cada um deles.

Cada chakra vibra de acordo com a nossa consciência naquele momento. Se há medo, tensão, apego ou excesso de controlo, essa energia revela-se através da linguagem do corpo, das emoções ou da mente — mas o chakra em si não está “partido”. Ele está apenas a espelhar aquilo que precisa de ser visto, reconhecido e integrado.


🔍Uma outra forma de olhar

E se os chakras forem, na verdade, professores internos?E se, em vez de tentarmos “corrigir” o que parece fora do lugar, nos sentássemos com curiosidade e humildade a escutar o que cada centro tem para nos revelar?


🌻O texto apresenta-nos um modelo de 7 chakras principais, que expomos a seguir:

🌍O Mulādhāra, quando se agita, pode estar a pedir enraizamento. Pode estar a lembrar-nos que, antes de subir, é preciso assentar. Que segurança verdadeira vem de dentro — não do controlo, mas da confiança.

💧O Svādhiṣṭhāna pode estar a sinalizar que há emoções por sentir, prazer por resgatar, ou movimento interno que precisa de fluir. Não se trata de viver em constante euforia, mas de reconhecer a inteligência das emoções e a criatividade que brota da escuta sensível.

🔥O Maṇipūra, quando se queima em excesso, talvez queira lembrar-nos que o poder pessoal também se encontra no equilíbrio. Este chakra não nos pede força cega, mas ação consciente, centrada e luminosa.

💚O Anāhata, quando dói, pode estar a abrir espaço para um amor mais compassivo e verdadeiro. Amar é escutar com o coração, sem necessidade de mudar o outro ou a nós mesmos.

💎O Viśuddha, muitas vezes silenciado, convida-nos a dar voz ao que é verdadeiro em nós. Pode manifestar-se em dificuldade de comunicar ou numa voz que grita sem ser ouvida. Mas no fundo, o que este chakra pede é expressão com presença — e escuta com profundidade.

🔮O Ājñā, por sua vez, mostra-nos os véus que ainda obscurecem a visão. Quando há confusão, excesso de pensamento ou rigidez, este centro pode estar a indicar que é tempo de parar, de aquietar e voltar a ver com os olhos da consciência— aqueles que não julgam, apenas reconhecem.

🌺E o Sahasrāra... não “fecha” nem “abre”.Ele está sempre presente, porque é a própria consciência que somos.O que acontece, por vezes, é esquecermo-nos disso. Este chakra não nos pede esforço, pede rendição. Um abrir de espaço interno onde o silêncio se torna resposta.


Desalinhamento como convite

Assim, o desalinhamento não é um defeito É um convite. Um convite para olharmos para nós próprios com mais profundidade, mais escuta, mais verdade. Um lembrete de que o verdadeiro alinhamento não é uma técnica nem um destino — é uma atitude interna de presença e escuta.


Talvez o ponto de partida seja este:

👉Em vez de procurarmos corrigir, tentarmos compreender.

👉 Em vez de imaginar chakras “fechados” ou “abertos”, observar o que em nós está a querer ser ouvido.


Porque, no fundo, os chakras não precisam de ser “arranjados”. Nós é que precisamos de nos lembrar de como estar com eles — com respeito, com consciência e com amor.


📚Este texto é inspirado na visão tradicional dos chakras tal como descrita no Prapañchasāra Tantra, um tratado tântrico atribuído a Śaṅkarācārya, que oferece uma visão simbólica, vibracional e contemplativa destes centros de consciência.


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Casa da Alma

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